segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Marcha


Passada a tormenta fica a terra úmida, a descontinuidade natural muda o que era, há calor por toda extensão de mim. A rigidez da couraça vai cedendo. Houve luta amor, colocamos os corpos para jogo, guerreamos um a favor do outro, na cama me pacifico.

Guardo minha espada imaginária, cedendo o peito para aconchegar a exaustão grata da entrega, sou agora a bainha que recebe o tesouro precioso da sua contundência, na terra onde é lançada a semente que reifica a paixão que nos consome legítima.

Dispo-me das defesas, deixando o mais tenro de mim à sua língua atenta. Pesa, finalmente, o atraso dos seus dias sobre o corpo ansioso de quem te guarda na ausência, e tudo em mim é morno, paz sonolenta, descanso de saudade. Seus olhos são os degraus da escada de Jacó, sem mais poder, combati o medo de que não voltasse inteiro, posto que notei não estar inteiro quando da partida. Só não tinha me dado conta de que, o tempo todo era eu que te faltava.

- Elis Barbosa

3 comentários:

  1. As imagens vieram como num filme,
    um leve ruborizar interiorano me assaltou
    a faze. Uau! Muito bom...

    Bjs...

    P.S.- Obrigada pelas visitas e pelo carinho,
    por cá estarei tb.

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  2. O amor é inesgotável, mesmo quando nos esgota, gota a gota.

    Beijos

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Troca comigo, meu texto pela sua impressão dele ;O)