segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Trilha

Trilhando o caminho fantástico que se abriu desde que aquela trilha sonora a atingira, perseguia, sem saber, a si mesma… buscava no outro, que sem nome próprio havia sido até então sua mais emocionante aventura, o destino que talvez desejasse para si, ou com o qual, talvez, andasse de flertes.

Ilusão, tudo ilusão! Não que a busca não fosse boa, não que o outro não fosse bom, não que a trilha não fosse encantadora, era tudo bem bom! Mas conhecia-se já um tanto para saber que no início da criação foi imprescindível o fogo, como o era a paixão, e que bom para paixão não é suficiente, e que para o bem viver do depois ficar ao ponto era preciso paixão em fogo alto!

Pobre! Era tão pobre de alternativas afetivas... Dona de coração obtuso, terrivelmente carente e assumidamente romanesco. Ouve fado sorrindo como quem se diverte muito ante o espetáculo do rasgado coração passional, deleita-se com o teatro sugerido por tão dramático estilo musical, compadece-se do lusitano sofrido e amargurado pelo amor não correspondido. Parece-lhe imprescindível que a realidade fique todinha salpicada com a intensidade das cenas dos começos arrebatadores!

Racional, todavia, sabe que nada disso é para sempre, aliás, sabe que nada de nada é para sempre, desejava apenas tomar partido do que os ciclos tinham a oferecer, cada um no seu tempo.

Decidido isso, era suspirar demorado e seguir em frente.

Havia que se pensar num outro mind set daqui por diante, concentrar-se-ia em si para, quem sabe um dia, estar apta a viver coisas diferentes, de maneiras diferentes. Sim, porque hoje só sabe fazer de um jeito, ou é inteiro, intenso, entregue, profundo, ou fica tudo com cara de paisagem, sem ritmo, anacrônico. Ou não...dependeria do que fosse mais bom!

Gozado como há práticas que mudam, mas a essência romântica, onírica, continua a mesma, o drama do sangue latino, o derramamento sensual mal disfarçado em singelas saias compridas, para não matar de vergonha quem tão marotamente se admite brega!!!

Brega! Bate no peito e diz, com a classe de quem sabe que é, e que em sendo há que ter público que agrade...

- Elis Barbosa

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