quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sufoca

e o diafragma está agora apertado pela mão que seguraria a minha durante a travessia… e a dor do aperto se mistura à de não respirar… e as reticências são os intervalos necessários para que se articule algum raciocínio linear em meio a todo esse caos…

O elemento surpresa pode ser a coisa mais assustadora de todo o mundo inteiro, particularmente quando se trata de o chão ser sacudido justo quando só a Impotência está na sala, sempre sentada, lamentando-se de nada poder fazer. E de cenho franzido, expressão que empresta algum (senão o único) sentido à perplexidade, repetem-se as tentativas de entender, faz-se o caminho de volta, sozinho, pasmado, investigativo, na tentativa de encontrar o que se perdeu, pois decerto que algo se perdeu!
Mas o quê, o que poderá ter sido?

Ao fim, começa-se a reviver tudo novamente, daí talvez a má digestão... Todo fim inaugura um processo de transformação, mas sendo abrupto o fim instaura-se ainda outro processo, o de acreditar que não, não é um sonho mal, é verdade, acabou!

É justo isso?

Mesmo não sendo, é ao fim que tem início o laborioso exercício de pinçar-se dali, de recolher-se para si, de revisitar minuciosamente tudo, do começo ao... Sim, só que agora como expectador que, além de não poder interferir, já conhece o desfecho da história que lhe abafa o peito!

Não respirar dói, mas respirar dói também, pior, faz chorar. Pensando bem, não é isso que fazem os bebês para nascer? Talvez respirando eu chore, e quem sabe, chorando,acabe por renascer…

- Elis Barbosa

6 comentários:

  1. Elis,
    Este texto toca muito. Todo processo de recomeçar, de digerir, de renovar é dolorido, porém rico.
    obrigado pelo texto

    bjs

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  2. Maravilhoso esse texto Elis. Como tem sido o curso? Anseio por seus textos.

    Bjos, Kk

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  3. Amada, estou com saudades tuas! Que bom que gostaste! Vou colocar mais algumas coisas por essa semana ainda! Te gosto viu, preta?

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  4. Flávio, que honra tê-lo por aqui, obrigada!

    Processos são sempre assim, lentos, graduais, doloridos, até quando é bom é ruim... mas rico, sem dúvida!

    Um abraço,
    Elis

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  5. Gostei de tudo que li, tudo que vi...
    Adoro formas inteligentes de falar de 'gente'.

    Não respirar dói, mas respirar dói também, pior, faz chorar. Pensando bem, não é isso que fazem os bebês para nascer? Talvez respirando eu chore, e quem sabe, chorando,acabe por renascer…

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  6. Opa! Fico muito feliz que tenha gostado! É bom demais ver comentário de gente nova em texto velho. :O)

    Em sua homenagem fiz até uma revisão do texto “De novo e de novo”. Se quiser volta lá e me diz o que achou.

    Abraço,
    Elis Barbosa

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Troca comigo, meu texto pela sua impressão dele ;O)