domingo, 17 de agosto de 2008

Tempo que tá pouco!



Uma vida só é tempo pouco para saber tudo o que se gostaria de saber, para descobrir as razões e insanidades que pertencem ao ser de cada um e ao de todos nós!

Uma vida só é pouco para experimentar todos os sabores e suas misturas, todas as possibilidades e combinações de tudo que pode ser misturado e combinado!

Uma vida só é pouco para que se conheça todos os mistérios do prazer a que somos ensinados a negar todos os dias, e para sempre, colocando em seu lugar de maneira deveras torta uma melancolia eterna dos tempos em que nos era permitido ser quem éramos – àquela época, crianças – e por termos sido interrompidos na experiência de nos regularmos a nós mesmos em harmonia com o corpo que nos sustenta e guia, não passamos hoje de crianças interrompidas.

Aff, que estou cansada de correr atrás do tempo perdido... e corro porque faz bem para as pernas e por conta da sensação intermitente de que existem coisas sobre as quais preciso saber pois, dado meu grande amor pelo conhecimento e meu affair com a curiosidade, jamais me perdoaria viver numa existência de ignorância... tanto há fazer e tão pouco tempo!

Uma vida só é pouco demais para se passar por todos os lugares a que nos destinamos passar pela necessidade que existe em revivermos momentos dos quais não mais temos lembranças reais mas, e tão somente, lembranças fantasiosas.

Uma vida só é pouco para conhecermos quem somos, e dar-nos a conhecer, assim como, e muito mais, para conhecer aos outros... passam-se os anos e quando damos por conta e olhamos o outro no olho percebemos então, embora soubéssemos o tempo todo, que nunca houve entrega.

Sim, sabemos o tempo todo! O conhecimento da verdade que nos circunda está presente o tempo todo e, se você ainda não a descobriu saiba que a qualquer momento este conhecimento se fará notar, como as gárgulas da cidade, estão sempre lá, mas só as vemos quando atentamos para o que está acima de nós. E a verdade dos sentimentos é inexorável.

Será que ao invés de a dor surgir “do medo que temos de sentir dor”, como disse o Renato, a dor não surja do medo que temos de não haver tempo hábil para sobrepuja-la e, enfim, passarmos para o outro lado (seja do rio, ou do gramado, ou do abismo, fica à critério!), porque passar para o outro lado disseram que era morrer e temos muito medo de morrer!

Ora, ora, ora... olha só o que desponta deste falatório e grita? MEDO. Se a palavra surgisse mais uma vez teria de reformular o texto por questões estéticas. Odeio me repetir, embora seja muito, muito difícil fugir aos temas que servem de pano de fundo às minhas reflexões e devaneios...uma vida só é pouco tempo para nos livrarmos de nossos temas primários e recorrentes e, podermos enfim, gozar de alguma descoberta que o conhecimento de si possa conceder.

Bom, já que é tão pouco assim escolho, nesse momento parar de pensar e sentir, sentir pura e simplesmente, vivendo um dia após o outro, pois como dizem as escrituras que os fanáticos acreditam ser sagradas: “a cada dia vale o seu próprio mal.”


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