sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Música para os meus ouvidos...


E se me for dado o que eu pedi?
E se fizerem exatamente como eu queria, desde antes de eu saber?
E sendo lindo, doce e sedutor?
E se eu quiser ter um filho?
E se for para poder sentir tudo com a limpeza de alma de quem nunca sentiu nada?
E se de repente continuar para sempre?
E se antes de qualquer coisa eu quiser apenas ouvir sua voz ofegante, de quem corre atrás do próprio sonho?
E se for o antebraço de contornos mais delicadamente masculinos que já se viu?
E se for dedicado, amoroso, irresponsavelmente corajoso?
E se estivesse bem na minha frente, me paquerando enquanto dedilha seu violão determinado, bem do meu sofá?
E se precisar de mim “como quem diz água”?
E se for tatuado com um totem, sobre as costas contra a qual me apóio enquanto olho sobre seus ombros a imensidão da cidade muito grande?
E se contar histórias como quem prevê o futuro?
E se disser que eu sou linda e agir como assim o fosse? Que me ama, e todo dia diz de novo?
E se não gostar de cafuné?
E se não puder me abraçar?
E se me fizer chorar? E se desculpar?
E se for teimoso?
E se for atencioso de nada lhe escapar?
E se me fizer sentir absolutamente fundamental?
E se acordar só depois do mim?
E se tiver o primeiro-sorriso-do-dia mais levado?
E se for... será?
E se for você?

Te direi novamente que entre, sente e fique a vontade, que a minha casa é nossa.

- Elis Barbosa

2 comentários:

  1. Dá mesmo um frio na barriga quando nos vemos diante da possibilidade daquilo tudo que sempre procuramos estar bem ali na nossa frente, materializado, realizando-se. A frase de que mais gostei foi aquela sobre fazer "sentir absolutamente fundamental". Isso deveria constar como uma das diretrizes do Estatuto dos Relacionamentos Imperecíveis.

    Uma coisa muito legal sobre esse texto é que até a penúltima frase ele mantém uma forte tensão: não dá para prever se a pessoa da enunciação vai agarrar com unhas e dentes a Deusa da Oportunidade ou se vai simplesmente virar e correr no sentido contrário para fugir do próprio destino, por tamanho nervosismo. No entanto, a última linha resolve o dilema da forma mais bonita que poderia ser. Aliás, o texto inteiro é muito bonito. Inspiramor. Foi música para os meus olhos.

    Parabéns por mais uma grande gesta.

    Beijos!

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  2. Frio na barriga, eu gosto dessa sensação. Não te diria que gosto do perigo, já seria para além dos meus limites, mas o friozinho tem o seu papel. Tenso né? São tensos mesmo esses assuntos de amor, onde há desejo parece sempre haver também certa tensão, que não sei se por hábito ou por certo dá o tom, forjando-se necessária. Se você gostou do texto, então deve ser bom. :O)

    Beijos,
    Elis

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Troca comigo, meu texto pela sua impressão dele ;O)