segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Fechando malas, abrindo portas




Acabo de fechar a mala que venho desarrumando faz uns dias e dou pelo fim de uma viagem ao contrário, fiz uma viagem de volta. Chego agora de longe, de um tempo que não afastei do coração. Fecho a mala e tomo um susto ao me deparar com o presente.

Evitei tanto quanto pude o amontoado de palavras que havia guardado naquela mala, já que nunca me pertenceram, foram palavras emprestadas num tempo em que era tênue e transponivel a linha que nos dividia um do outro e nós do mundo. A mala que guardava os últimos resquícios materiais, as últimas pistas, os últimos recados deixados em papeis que diziam tão menos quando não tinham sua assinatura.

Não tenho mais melancolia, tenho saudade, guardo o desejo de podermos um dia, quem sabe, trocar sorriso e nos cumprimentar, pois foi uma luta justa.

Dividir novamente, talvez, tudo aquilo que só pode ser dividido naquela configuração, e em nenhuma outra. Sou grata por tudo.

A mala, descomposta, continua existindo, as palavras se foram, quase todas dispensadas. Mas algumas, decido que ficam, inclusive e especialmente aquelas sobre as quais seu nome foi rabiscado, não resisto, essas tiveram sua redenção marcada no dia mesmo que queimou teu duplo no meu peito!

Brega! Vejo tua cara linda se retorcendo enquanto fantasio que me lês, mas como sempre, nem ligo! Ora, também como poderia eu ligar se não tenho seu número? Não, esta não é uma mensagem subliminar, é um grito de saudade da amizade resistiu.

Todas as cartas de amor são ridículas, senão já sabe, o que seria de mim e de todos aqueles fulgurantes seres epistolares que até em cartas deixaram legados literários (não me incluindo nessa coisa de seres fulgurantes), que tiraram corações do saco, descascando-os impiedosamente com todas aquelas palavras de entrega!

Amores, melhor não tê-los, mas se não temos, já sabe de novo.
Quem lê entre linhas? Quem lê as letras miúdas anyway?

A verborragia acima exposta se deu ao som de muita Bethânia. Sim prezados, ando ouvindo Bethânia e respirando horrores, gozando Ney para ver se consigo, nem que seja por osmose, uma pitadinha daquela graça andrógina, e nesse momento o Monobloco (ao vivo) chama minhas cadeiras para o baile!

E ela disse que tinha o seu próprio gosto musical agora! Deus me livre! Ups, ainda sou ateu.

Fechei a mala, mas não as portas.

Beijos querido,
- Elis Barbosa

4 comentários:

  1. São as entrelinhas mais escancaradas que eu conheço ;-) Uma forma linda de dizer:

    - Pode entrar! A casa é sua. Ainda.

    ;-)

    Bjs,
    Bob

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  2. Bob, minha flor! Ô amiga chegada, pois então, você bem sabe que é verdade o que digo, mesmo que não pareça (aos olhos distraídos dos outros) fazer sentido... mas faz, ô se faz"!

    Beijos
    Elis

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  3. ELES & ELAS, na minha vida sempre Elis... Saudade minha amiga. Sinto sua falta! Bjoca.

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  4. Fofa, amada e querida, so nao me ve porque nao quer! Marca e desmarca... to te esperando!
    BEijos
    Elis

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Troca comigo, meu texto pela sua impressão dele ;O)