sábado, 4 de outubro de 2008

Setembro em Outubro



O clima neste setembro está, como parece à mim, o espírito das pessoas, inconstante, de intensidade a intensidade... muita chuva por muitos dias, de repente nenhuma chuva, nada de sol, ou calor, também tem os calores sem sol, e o sol com chuva. Parece que o tempo está confuso e muito bravo por isso! Não sei ainda quem reflete quem, se as pessoas acabam por refletir sem querer esse tempo ou se ao contrário.

O fato é que as mulheres têm sentido juntas a garganta fechar, um aperto no peito sem motivo e a sensação de que algo terrível está para acontecer, e acabamos por atribuir a angústia à lua cheia, mas não creio que seja só isso... andamos chorando muito, muito mesmo, todas nós. As dores e os amores são intensos, mas parece que os amores não vêm dando conta de abafar as dores, pois elas têm nos doido mais ultimamente.

De qualquer maneira o movimento não pára, o que é uma redundância de se falar, pois é do movimento não parar, mas falo mesmo assim que é para dar ênfase ao que sinto. O movimento não pára – mulheres e gatas ficam prenhas e dão suas crias ao mundo, que os acolhe como pode – e o mar é a maior de todas as alegorias que poderiam ter posto na natureza para nossa pronta referência do que vai sendo a vida todos os dias. O eterno movimento que a transforma constantemente, mesmo que não nos pareça assim.

A sensação do fim está cada vez mais forte, mas não consigo nomeá-la adequadamente, não sei de que fim estou a falar, mas pressinto forte o fim de alguma coisa, e aproveitando essa sensação vou começar a ler “A Cerimônia do Adeus” da Simone de Beauvoir, quem sabe não ajuda!

Não sinto tristeza nem alegria, não sinto contentamento nem desespero, mas sinto saudade e sinto vontade de rever os dias que passaram e principalmente a sensação de conforto que aparecia de quando em vez neles e me envolvia como numa onda quente e calmante... hoje parece domingo.

- Elis Barbosa

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