domingo, 6 de janeiro de 2008

Os Encantos dessa Vida!


Confissões de uma adolescente, mas que poderia ter sido de qualquer adolescente…

Mote: “não me arrependo de nada
que tenha alcançado as coxas
não me nego coisa alguma
que passe perto do coração
se fiquei roxa
foi porque teve ação.”
de Martha Medeiros

Sim! Ação! O que mais pode-se querer... ­(Nada) Tudo vale a pena quando a alma não é pequena (ato falho...) Mesmo estando em um momento de decantação lembro-me bem da ação que, faz pouco, passou por mim. Minha alma hoje convalesce, decanta, depura, digere devagar o pedaço ácido de vida que transpassou-lhe impiedosamente. Acho até que isso vai levar mais tempo do que imaginava, contudo sinto que será para melhor... para algo novo que, confesso, não almejo, mas virá: eu mesma.

O que me aguarda é o vir a ser de mim!

Enquanto isso, enquanto lambo as feridas e espero a cicatriz se fazer, tenho ainda um fio de coragem que deixa lembrar com algum prazer do tempo, nada distante e talvez por isso mesmo a dor se manifeste ainda com clareza e rigidez quase insuportáveis, em que a inocência e a ignorância do sentido das coisas me levaram à mais extrema alegria.

Tive a felicidade de, sem saber o que poderia vir depois, amar loucamente e saborear todos os gostos de um amor inconseqüente. Provei dos beijos que me beijaram a alma e que são, até hoje, bálsamo para qualquer dor. Sufoquei-me em abraços desvairados de despedidas curtas que para um puro tinham a sensação de morte. Tive o luxo de olhar dentro, bem fundo, dos olhos do meu amado e mais ainda: eles me olharam de volta, bem lá, bem lá dentro.

E o mundo ia, como num filtro, diluindo, ficando longe, virando mar e nós, tínhamos um ao outro, éramos a ilha, o refúgio, o aconchego, o forte, os cúmplices... éramos um e ter sido amputada é algo que ainda não superei, já se passaram nove meses... e não tenho meu antídoto...

Entretanto e “entretudo” quero registrar aqui, fidedignamente, segundo meu coração, que não me arrependo de ter tido as coxas alcançadas, de não ter negado entregar, com um laço de fita azul, meu coração, mesmo tendo ficado além de roxa, sangrando com toda essa ação!

Foram três anos que podem ser contados, que são oficiais. Mas não se pode ignorar o tempo que existe contido nos seus espaços, nas minhas lembranças, nas minhas saudades, nos meus desejos, sonhos, pesadelos, angústias, raiva, desprezo, necessidade... disseram-me que este é um momento de abstinência... deve ser... o único receio que anuvia meu coração é pensar que abstinente é aquele que é viciado e vicio não se cura, se regula.

Nunca nada nem ninguém me regulou. Talvez essa seja a hora de sentir o arreio apertar e o freio machucar, as esporas perfurarem o couro duro sem pular, baixando humildemente a, ainda e sempre, majestosa fronte, ao sofrimento sem previsão de reparo!

Esse é um de muitos lados da historia, existem tantos outros... mas hoje é dia de falar de um amor que não pode ser traduzido. Quero deixar registrado aqui um momento, dos muitos que não me neguei provar: era tarde de primavera no Rio de Janeiro... ela totalmente encantada, apaixonada, cativa e feliz, ele, talvez em processo de se apaixonar desfrutava da companhia de sua admiradora. Ambos consentiam na troca... era pôr-do-sol na baía da Guanabara, atravessávamos de barca, amor nascendo, ele tagarelando sem parar, enquanto a brisa nos lambia dengosa... “Podia morrer agora que já estaria de bom tamanho.”

Esse texto é dedicado a minha amada Kamilla por quem tenho enorme admiração e a quem presto minha compaixão de mulher para mulher!

Beijos
Elis

Um comentário:

  1. legal vc ter dado essa força à ela. e conseguir sentir sua amada kamilinha.
    até!

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Troca comigo, meu texto pela sua impressão dele ;O)