segunda-feira, 14 de abril de 2008

Voltei!

Volto a escrever… passei um tempo afastada do blog devido a crença de que ninguém me lê. Contudo, quando comecei a escrever aqui, não tinha a pretensão (e continuo não tendo!) de ser ovacionada com comentários ou que muitos me lessem, ou mesmo que alguém me lesse. Então, pus me a pensar no real motivo que me afastou deste lugar e concluí que estava magoada, não por desconhecer meus leitores (tenho um contador de visitas agora, eu sei que vocês me lêem!), não por minhas palavras ignoradas, estava magoada (e ainda estou...) pela sensação de não estar sendo lida no mundo. Minhas palavras (escritas, faladas e pensadas) têm buscado respaldo de sua existência fora de mim e não encontram, em lugar algum, nada! Nenhuma concordância nem negação, se ao menos houvesse negação, confronto de idéias... discordância, conflito, desconforto, tudo isso produz crise e da crise vem a transformação e da transformação o movimento e do movimento a vida!

Ouço, ao invés de retorno um eco, eco, eco, eco... que se propaga indefinidamente!

Tudo que tenho encontrado é um nada sem fim... um desprezo aqui, um desdém ali, uma impotência acolá! Desprezo à investigação mais cuidadosa das coisas que estão a nossa volta, um desmazelo sem fim para com a existência que, com a benção de Foucault e Deleuze, deve ser encarada, a meu ver, como uma obra de arte! Sim, se todos encarássemos a vida como uma obra de arte, seríamos mais humanos, mais educados, mais comprometidos, mais cuidadosos! Leonardo Boff tem um livro sobre isso, cuidado. Amar é cuidar! Brega? Talvez, mas antes um retrô ideal a esta pasmaceira recheada com tanto tédio!

Coisa enjoativa esse blasé que todo mundo coloca como sobretudo antes de sair de casa... se ainda fosse um estado opcional, seria estilo, mas não é o caso, o negócio é alienação mesmo, sem graça, sem razão de ser, “sei lá, entende?”

Então, fato é que ando tão, mas tão carente de retorno que acabei encontrando algum (ou inventando que encontrei) na última minissérie de Maria Adelaide Amaral, apresentada pela TV Globo – QUERIDOS AMIGOS.

Uma “família”, entre aspas por ser compostas de amigos e não de membros consangüíneos (o que parece não fazer a menor diferença dentro das relações), volta a se reunir a pedido do personagem que de fato as agrega, o Léo.

As tramas se cruzam, como deveria ser. Todos aqueles personagens, seus processos, previsíveis ou não, me sensibilizaram. A maneira com que as pessoas (personagens) se colocavam diante da vida com seus questionamentos (havia gente pensando – questionando!), a fé na certeza de que mudanças deveriam acontecer (não por ser 1989, mas porque mudar é da natureza!), o conhecimento dos fatos (estou falando de política, historia, arte, literatura), de algumas teorias, suas idiossincrasias expostas para si e para os outros, ao vivo, in loco e, no mais das vezes, verbalizadas!!!

Sim meus caros... e em nenhum dos diálogos de que me lembro aparecia o “tipo assim, sabe...” Pelo amor do que quiser, me diga, que porras significa essa maldita expressão? Minha indignação e perplexidade diante do uso de tal descrição pós-moderna do mais absoluto nada já se manifestou de várias formas e tenho muito medo que possa, um dia, chegar às vias de fato!

Não sou defensora da verborragia, mas um mínimo de evolução verbal na explanação de uma idéia tem de ser levada em consideração! Um mínimo de apreço pela capacidade não só de comunicar-se em determinado idioma, mas de fazê-lo a contento! O que há de errado em usar as palavras de que dispomos para uma fala clara, direta, precisa e, quiçá, bela? Tudo bem, me empolguei, desculpem!

Podem argumentar: “O ano era 1989, os tempos eram outros?” Indubitavelmente os tempos eram outros que não estes, mas então, que tempos são estes? Simplesmente tempos que não são os que passaram e também não são os que estão por vir? JURA?!

Não espero que tenhamos resposta para todas as perguntas, mas fico pensando no motivo pelo qual não nos perguntamos mais tantas coisas... evitar parece ser a ordem do dia. Evitar problemas, evitar confrontos, evitar dilemas, evitar pensar nisso ou naquilo... “tente pensar em coisas boas!” Sim, acho ótimo, mas sobra quem para pensar nas ruins? Ao que consta de minha míope visão é que, o fato de não pensarmos não faz desaparecerem as coisas ruins.

Outro dia mesmo uma criança foi jogada, se não me engano, do sexto andar de um prédio, não se sabe ao certo quem jogou, se foi o pai (!) ou a madrasta (!!), ou quem sabe a mãe (!!!), talvez um pedreiro (!!!!), não se sabe ao certo se ela foi jogada morta ou ainda viva (!!!!!!!!!!!!!!!!), e ficamos todos boquiabertos diante de um ato que, de tão selvagem, é inclassificável.

Contudo, toda vez que se trata de ir ao cinema a preferência é pela comédia (irrefletida), ou pela ação (impensada), ou ainda pela fantasia (que dispensa comentários), “porque eu não vou ao cinema para pensar, vou ao cinema para me divertir!”, por mim tudo bem se já tiver feito a sua parte. Mas se não fez, então não reclame! Não encha os ouvidos dos outros com seu português capenga!

“Nossa, está revoltada hein?” Estou não, estou cansada de tanta incoerência! Estou triste de presenciar as pessoas que ainda perguntam, serem chamadas de loucas ou chatas, ou “viajantes” (ao menos uma metáfora, feita sem querer, mas ainda assim uma metáfora), estou cheia de ter muitas perguntas e poucos interlocutores.

3 comentários:

  1. Definitivamente essa é a minha Elis !!! :o)

    Tipo assim, te amo, sabe?
    hehehe

    Excelente texto, grande retorno!
    Beijo na boca!
    Domenico

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  2. Seja bem vinda. Tem razão espero que consigamos fazer a nossa parte.
    Beijos, Ligia

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  3. Irma, que honra!!! Sim, sim, sei que nao estamos sos, podemos fazer companhia uma para a outra!!!

    Obrigada por compreender!

    Beijos

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Troca comigo, meu texto pela sua impressão dele ;O)