domingo, 3 de junho de 2007

Socorro no sossego


Velocidade... arrastão... invasão... interrupção... compacto... tudo junto aqui agora!!!

Cansei! Cansei desses arredores de correria e consumo insano de coisas e de pessoas! Teorizem o quanto quiser, mas a ausência do momento, no meu entender, vai levar tudo e todos para uma velocidade que há de desintegrar a matéria.

Não entendo nada de Física, mas os movimentos andam tão abruptos e duros que acredito na possibilidade de desintegração da matéria, de toda e qualquer matéria, palpável ou etérea.

O momento acabou, e deve ter ido junto com o sonho que alguém (não me lembro quem) disse uma vez tinha acabado. A convicção de que havia chegado ao fim era tão grande, sua fala tão verdadeira, que desde então a desenterram.


Reverbera até hoje o eco da ilusão desmanchada por algumas escolhas de rumo tão equivocadas, com as quais, diga-se de passagem e, a bem da verdade, nem todos comungamos, mas que nos aflige uma vez que Marte ainda não pode ser habitado. O mundo não pára de girar nem por um momento e, atualmente, menos ainda pelo momento.

Existe uma coisa que não sei se posso chamar de ditado, mas que todo mundo repete, assim: “Não existe felicidade, existem momentos felizes.” Essa frase é uma incoerência por si só, mas mesmo que fosse verdade, nem isso teríamos mais porque os momentos já não existem... o sonho acabou e as pessoas que assisto, enquanto paro por um momento, não param de correr para algum lugar que tenho a impressão, não existe.

Não quero aqui dar a impressão de um saudosismo típico de quem fica relutante diante de mudanças radicais, mas ando vasculhando por aí, atrás do momento, a telefonista sempre pede, “um momento, por favor” e me pego aceitando aguardar um momento, mas será que o momento reduziu-se a algo que se aguarda? Prefiro encarar o momento como algo que se guarda.

Hoje, não se olha mais nos olhos, não se espera a fala do outro, não se prestam mais as pessoas a aguardar o seu momento ou a dividi-lo com alguém (quem sabe?). Pensa comigo: quando foi a ultima vez que dividiu um momento? Quando foi a ultima vez que olhou e viu quem te atendia? Quando foi a ultima vez que olhou e viu quem te olhava? Quando foi a ultima lua cheia que se permitiu respirar?
Tudo isso e muito mais, tomam um tempo que disseram não termos mais. Será que não?

Pára o mundo que eu quero muito descer!!!

- Elis Barbosa

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Sim, sim, sim! Bela metáfora! Gostei muito e, além dela não podemos esquecer que ele, o Martin Luther King, tinha uma sonho. Não é dele aquela frase, também inesquecível, “I have a dream”?!
    Então... eu não vou puxar a cordinha agora, ainda tenho muito do que reclamar meu bem!!! Mas de qualquer maneira eu tomo o volante sempre que posso, afinal, por mais que queiramos ter tudo sob controle, não somos os únicos pontinhos da linha e isso conta! Fico feliz por perceber que você é mais um pontinho pululante!
    beijos

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Troca comigo, meu texto pela sua impressão dele ;O)