Time is a misterious thing… transforma tudo sem que percebamos o quê ou o quanto, por mais atentos que estejamos. Sempre alerta, sempre alerta é o lema dos escoteiros, e o meu também. Contudo, dou conta, de tempos em tempos, que olhar em volta não basta para reconhecer a mim e a tudo que me cerca como meu mesmo! Os ciclos parecem concluir-se antes que possa dar conta deles...
A janela da minha sala dá para a rua, entrega muitas vezes minha atenção à vida dos que por aqui passam deixando sempre um pouco de si pelas calçadas íngremes que levam à Santa (Teresa). Falam, incautos, de suas próprias vidas como se não houvesse quem os ouvisse, falam das vidas dos que conhecem, desafiam-se, odeiam-se, amam-se, como se por alguma razão essa rua oferecesse o abrigo da invisibilidade! Talvez o faça, talvez por isso mesmo eu a tenha escolhido para aqui ser acolhida com o tanto e o tudo que minha estreita percepção é capaz de captar. Passo aqui, de frente para esta janela, a maior parte dos domingos que me sobrevêm, ruminando o que não passa despercebido.
Os domingos, confesso, têm se tornado dos meus dias preferidos, a despeito de toda sua nostalgia característica. E isso do tempo, aqui na janela dos domingos, é tão claro, tão marcado, que posso quase passar seu ritmo e melodia para o caderno de música, como quando dos ditados musicais na casa da professora de piano. Vejo o dia passar todo, enquanto atualizo minhas leituras periódicas, fingindo ao tempo que passa minha indiferença mal disfarçada... vejo o dia adormecer preguiçoso, despedindo-se lentamente, como quem não quer ir! Com o canto dos olhos, vejo da minha janela sua tentativa inútil e letárgica de seduzir a noite trajando o pôr-do-sol mais exuberante, enquanto a escuridão fria e delicada expulsa-o sem remorso.
São incontáveis domingos, e histórias que não se pode narrar, só se pode viver, vivem-nas quem as conta, quem as ouve e quem as protagoniza, passam pela minha janela pululando obviedades, repetindo-se do começo ao fim, dando-se ao luxo de apresentar diversos atores a cada vez que se repete, sempre com os mesmo papeis... as mesmas inquietações, as mesmas surpreendentes alegrias, os mesmo encontros inusitados, as mesmas frases de efeito, sempre tão impactantes aos seus protagonistas!
Há vezes em que até eu, espectadora atenta dessa repetição inédita de todo dia, quero ver novamente aquele mesmo final feliz... O tempo é um elemento curioso, o mais paradoxal que conheço, é absoluto, mas relativo; ameniza dores, mas aumenta saudades; envelhece o corpo, mas engrossa a coragem; marca o rosto, mas apaga mágoas; passa, mas nem sempre... há ainda o que fica suspenso no tempo e no espaço, indefinidamente, a ser vivido.
- Elis Barbosa
A janela da minha sala dá para a rua, entrega muitas vezes minha atenção à vida dos que por aqui passam deixando sempre um pouco de si pelas calçadas íngremes que levam à Santa (Teresa). Falam, incautos, de suas próprias vidas como se não houvesse quem os ouvisse, falam das vidas dos que conhecem, desafiam-se, odeiam-se, amam-se, como se por alguma razão essa rua oferecesse o abrigo da invisibilidade! Talvez o faça, talvez por isso mesmo eu a tenha escolhido para aqui ser acolhida com o tanto e o tudo que minha estreita percepção é capaz de captar. Passo aqui, de frente para esta janela, a maior parte dos domingos que me sobrevêm, ruminando o que não passa despercebido.
Os domingos, confesso, têm se tornado dos meus dias preferidos, a despeito de toda sua nostalgia característica. E isso do tempo, aqui na janela dos domingos, é tão claro, tão marcado, que posso quase passar seu ritmo e melodia para o caderno de música, como quando dos ditados musicais na casa da professora de piano. Vejo o dia passar todo, enquanto atualizo minhas leituras periódicas, fingindo ao tempo que passa minha indiferença mal disfarçada... vejo o dia adormecer preguiçoso, despedindo-se lentamente, como quem não quer ir! Com o canto dos olhos, vejo da minha janela sua tentativa inútil e letárgica de seduzir a noite trajando o pôr-do-sol mais exuberante, enquanto a escuridão fria e delicada expulsa-o sem remorso.
São incontáveis domingos, e histórias que não se pode narrar, só se pode viver, vivem-nas quem as conta, quem as ouve e quem as protagoniza, passam pela minha janela pululando obviedades, repetindo-se do começo ao fim, dando-se ao luxo de apresentar diversos atores a cada vez que se repete, sempre com os mesmo papeis... as mesmas inquietações, as mesmas surpreendentes alegrias, os mesmo encontros inusitados, as mesmas frases de efeito, sempre tão impactantes aos seus protagonistas!
Há vezes em que até eu, espectadora atenta dessa repetição inédita de todo dia, quero ver novamente aquele mesmo final feliz... O tempo é um elemento curioso, o mais paradoxal que conheço, é absoluto, mas relativo; ameniza dores, mas aumenta saudades; envelhece o corpo, mas engrossa a coragem; marca o rosto, mas apaga mágoas; passa, mas nem sempre... há ainda o que fica suspenso no tempo e no espaço, indefinidamente, a ser vivido.
- Elis Barbosa
Eu gosto dos teus textos reflexivos e de como você apreende a realidade alheia e lhe dá voz.
ResponderExcluirBjo, Kk
É... muito bom! Estou começando nesse negócio de blog, sou pequeno ainda, vc manda muito bem... mas quero ver tocar bossa nova melhor que eu!!! ahahahaha..
ResponderExcluirParbéns, bonita!