Olhos nublados pela melancolia
aprendida com sua mãe, que achava romântico sofrer pela manhã e tinha muita
disciplina ao chorar, pensava se não seria a música o elemento a desequilibrar-lhe
da alienação.
Como era íntimo o cinza daquelas ruínas! Tanto, mais tanto, e com tanta propriedade, que indubitavelmente poderia deixar-se enegrecer naquele universo mesmo. Apesar da dor, do medo, do frio, e da falta de fé. Se bem que olhando com vagar, são consideráveis os pesares para uma temporada longa.
Como era íntimo o cinza daquelas ruínas! Tanto, mais tanto, e com tanta propriedade, que indubitavelmente poderia deixar-se enegrecer naquele universo mesmo. Apesar da dor, do medo, do frio, e da falta de fé. Se bem que olhando com vagar, são consideráveis os pesares para uma temporada longa.
A entrega para viver reflexão de
tamanha monta aproximou-a do delírio, tentou ponderá-lo, nada. Avistou a ponte
para a loucura e resolveu sentar sobre uma das tantas pedras que provavelmente
teria de quebrar, na ânsia de tomar um fôlego, de ganhar mais tempo. Desejava
voltar para onde sabia respirar.
O caminho trilhado até aqui era
tão modelar exemplo do que ainda não havia sido aprendido que serviria bem ao
entretenimento dos que gostassem de jogo dos muitos erros. Houve tanta boa
intenção, tanto empenho, tanta entrega, tanta verdade, tanta reciprocidade,
tanta beleza, que lançar-se mais uma vez no espaço parecia pegadinha. Será que não apressadar
a dor acumula pontos? Será que assumir a própria incompetência daria a chave
para umas pistas de como seguir sem cruzar a ponte? Faria diferença nenhuma, sabia que falhara. Quase certo de que se repetiria a lição quando menos esperasse. Melhor não saber? Talvez, por hora.
Mas e se ela fosse
o caminho e, morrendo de intensidades desde que nasceu, saísse maculando-o com o sangue que lhe
brota no peito, vertendo pelas vazantes do desejo?
Havia saudade naquilo tudo, havia
o começo, tudo com o que ficávamos desde até antes do encontro. Os começos nos
remoçam toda vez que passomo-lhes na cara, no corpo (contra-indicação: vide suadade, confusão mental, incredulidade, dentre outros. Para mais detlhes vide vida).
A despretensão com que se
fingiu viver funcionou, e de repente dá-se a largada para a história. Temos a
eternidade, ela ouve dos céus, indagando-se se está autorizada a achar isso
péssimo de saber nesse momento. A falta é a morte da esperança, diz a música de
antigamente. Ninguém protesta, parece que certo respeito se estabelece entre o
caos dos olhos e placidez dos fatos.
Toca o telefone, engano. O disco trava no aparelho, a música passa a gaguejar angustiada. O gato derruba o vaso de planta perseguindo a borboleta mais desorienteada da história. Uma pena, é tão linda ela. O celular apita uma mensagem da operadora. Talvez fosse prudente levantar-se, agir, fazer jus ao nome que lhe fora impingido. Levante e anda, disse Jesus a Lázaro. Erguida, voltou pra trás.
- Elis Barbosa
Que bom que voltaste, Bunita!
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