às minhas amadas amigas
Repetidas vezes falo em saudade, eu sei.
Talvez alimente a ilusão, como pessoa essencialmente da palavra – esse farol cuja luz dialoga – de que repetindo a coisa ela possa vir a gastar, e quem sabe assim, desapareça.
É ilusão, eu sei.
Só tem que, saber de algo nunca resultou necessariamente em saber lidar com a coisa, então continuo alimentando a ilusão de gastar a palavra para sentir desmanchar a saudade, é tudo que tenho nesse momento.
Estou indo embora, eu sei.
Fui eu quem planejou essa ida, foi um plano gerado de um sonho que descobriram embaixo do meu tapete e não pude mais escondê-lo de mim. Eu sei, eu sabia, eu sempre soube.
Tem que hoje fica evidente (quando é quase chegada a hora), para todos os defeitos, a ruptura entre a realidade de “até agora” e a que será “a partir de então”. E estou surpresa, como se nada disso tivesse que ver comigo, como se a outra fosse quem vai. Saber que fui protagonista de toda a história só aumenta meu ar de estupefação, acordei sem saber onde. Susto.
A postura é polida, o sofrimento é contido todo nos olhos, e dói o machucado que dá toda vez que passo pela lição do desapego e reprovo no final. Essa eu ainda não sei mesmo.
Fazendo o inventário do que levo comigo, concluo que é mais ou menos tudo o que preciso para continuar, me vejo muito melhor, e me reconheço muito melhor, graças aos olhares que compartilhamos sobre tanto, às nossas diferentes perspectivas lançadas de maneiras tão diversas, aos gestos de generosidade e incompreensão, às explicações de si que foram tantas vezes postas na mesa francamente, aos conselhos dados com a contrição de prece, por amor, pelo amor mais completo que há, por amizade. Disponibilizamo-nos a ser do outro a testemunha necessária para se pertencer, se estender, libertar.
Nunca poderei expressar de verdade tudo o que representa ter estado e estar indo, eu sei. Mas, leal ao que foi até agora, divido como posso o que tenho e agradeço por tudo o que me foi dado.
Beijos,
- Elis Barbosa
p.s. manifestem-se sobre o acima, de preferência, quando não mais puderem me ver chorar.
Talvez alimente a ilusão, como pessoa essencialmente da palavra – esse farol cuja luz dialoga – de que repetindo a coisa ela possa vir a gastar, e quem sabe assim, desapareça.
É ilusão, eu sei.
Só tem que, saber de algo nunca resultou necessariamente em saber lidar com a coisa, então continuo alimentando a ilusão de gastar a palavra para sentir desmanchar a saudade, é tudo que tenho nesse momento.
Estou indo embora, eu sei.
Fui eu quem planejou essa ida, foi um plano gerado de um sonho que descobriram embaixo do meu tapete e não pude mais escondê-lo de mim. Eu sei, eu sabia, eu sempre soube.
Tem que hoje fica evidente (quando é quase chegada a hora), para todos os defeitos, a ruptura entre a realidade de “até agora” e a que será “a partir de então”. E estou surpresa, como se nada disso tivesse que ver comigo, como se a outra fosse quem vai. Saber que fui protagonista de toda a história só aumenta meu ar de estupefação, acordei sem saber onde. Susto.
A postura é polida, o sofrimento é contido todo nos olhos, e dói o machucado que dá toda vez que passo pela lição do desapego e reprovo no final. Essa eu ainda não sei mesmo.
Fazendo o inventário do que levo comigo, concluo que é mais ou menos tudo o que preciso para continuar, me vejo muito melhor, e me reconheço muito melhor, graças aos olhares que compartilhamos sobre tanto, às nossas diferentes perspectivas lançadas de maneiras tão diversas, aos gestos de generosidade e incompreensão, às explicações de si que foram tantas vezes postas na mesa francamente, aos conselhos dados com a contrição de prece, por amor, pelo amor mais completo que há, por amizade. Disponibilizamo-nos a ser do outro a testemunha necessária para se pertencer, se estender, libertar.
Nunca poderei expressar de verdade tudo o que representa ter estado e estar indo, eu sei. Mas, leal ao que foi até agora, divido como posso o que tenho e agradeço por tudo o que me foi dado.
Beijos,
- Elis Barbosa
p.s. manifestem-se sobre o acima, de preferência, quando não mais puderem me ver chorar.
[engolindo em seco].
ResponderExcluir:O)
ResponderExcluir