terça-feira, 28 de julho de 2009

Suspiros


Cai, com a força de um aconchego saudoso, chuva de fazer amor, bem na boca da noite, e quem fica embriagada?

São os rompantes de inverno no Rio de Janeiro, cidade que parece até mulher bonita (morena, quem sabe?) cheia de caprichos e quereres e, para as que as têm, rabugices.

Acordou ela hoje preguiçosa, fria, com vontade de não ver o sol, acho até que brigaram (ou estará ele de campana por outras paragens?), pois que tem já uns dias que ele não aparece por aqui, justo ele, tão apaixonado por ela que não falta nunca, mesmo quando se supõe que o faria, como em tempos de inverno, aparece nem que seja no domingo, de tardinha, para dar-lhe um beijo de céu azul e ir de novo embora.

Aliás, é mister que nos domingos seja assim desse jeito, o sol e a cidade querendo-se. Sendo domingo o primeiro dia da semana é o certo deixar solar a segunda-feira destes pobres mortais que a habitam!

Tarde de domingo com sol é feito sobremesa para criança que comeu tudinho, biscoito recheado de chocolate com leite (puro!), piscina nas férias de verão, refresco de caju em casa de tia, tirar sapato alto, tirar sutiã apertado, soltar cabelo preso, achar dinheiro no chão, surpresa de amigo, surpresa de amor, companhia de irmã, é um descanso, uma fuga, uma brecha para ilusão, um acalanto doce para o meu coração!

- Elis Barbosa

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